[Condoreirismo explicação]

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Igualdade Igualitária ?


  A política de cotas no Brasil iniciou-se no governo de Fernando Henrique Cardoso e foi perpetuada pelo Governo Lula. Ela consiste na criação de parte das vagas das universidades serem destinadas aos negros, ou população de baixa-renda, que se confunde no nosso país.
  Tal questão deve-se a herança da escravidão, processo através do qual criou-se mão-de-obra para trabalhar em diversos ciclos econômicos brasileiros, inclusive no café do Vale do Paraíba. O tráfico de negros, provenientes do continente africano torna-se mais fraco com a Lei Eusébio de Queiroz, que o proíbe em 1850 e quase no fim do século é declarado o fim oficial da escravidão com a Lei Áurea. Devido a pouca mobilidade social imposta pelo sistema capitalista e pela sociedade, muitas vezes racista, muitos negros hoje formam a população residente em favelas, palafitas e até nas ruas.
  É justamente contra essa imobilidade social que as cotas agem, e aqueles que as defendem creem que com ela podemos alcançar maior nível de homogeneidade na população. Outros, porém, afirmam que as cotas simplesmente vão contra o direito, ao ferir o conceito de igualdade presente na Constituição. Igualdade presente na lei, ao mesmo tempo ausente na prática. Qual lado estaria com a razão ?
 Recentemente, foi anunciado um projeto de lei que consiste na seleção de 50% de cotas para negros, fato que reaqueceu a polêmica e trouxe a mídia depoimentos de alguns especialistas.
 Segundo o professor de economia da UFMG, Cláudio Gontijo, com esta nova lei, poderá haver reprovação em massa com a nova medida, visto que dentro das universidades não podem haver distinção dos alunos, seja nas aulas ou na correção das avaliações. Muitas vezes um aluno que chegou à faculdade através de cotas e cursou colégio público não tem base para ir adiante, mesmo com muito esforço, devido a precariedade do ensino oferecido pelo Estado hoje no nosso país. Um estudo recente mostra que 90% destes alunos, após concluir o ensino médio não sabem identificar numa circunferência o raio e o diâmetro, por incrível que pareça.

"Eu acho que essa medida vai prejudicar ainda mais a qualidade do ensino em franco processo de deterioração. Em geral, os alunos são muito piores hoje que 10 anos atrás. A qualidade tem caído muito. Não precisamos rebaixar os critérios de entrada de avaliação porque os alunos não estão recebendo ensino adequado. Não adianta haver cotas que o aluno entra e toma bomba. Logo você vai estabelecer que empresas tem que contratar pessoas que não estão preparadas. Eu já tive que dar bomba em muito aluno. A UFMG tem cota hoje para negros e pardos. Na hora de corrigir a prova, você não pode nem quer saber se o aluno é de cota ou não. Dentro de sala, você não pode discriminar. Então não adianta facilitar a entrada". Cláudio Gontijo

 Outros por sua vez, creem que as cotas resolvem o problema de exclusão, como Erastro Fortes, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE). Ele afirma que aqueles que nunca tiveram oportunidades, as agarram com força quando tem.

"Construiu-se o mito que a universidade é para a elite e qualquer pobre que entra desqualifica o ensino superior. As cotas são amplamente benéficas para o país e as universidades. Isso se provou com as cotas da Universidade de Brasília (para negros e pardos, desde 2004). Algumas pessoas diziam que elas iam desqualificar o ensino. O que se provou é que os negros que entraram têm rendimento igual ou superior aos que entraram pelo sistema universal (o vestibular). Gente que nunca teve oportunidade na vida, quando tem, agarra com força. Eu acho que o que vai haver é a democratização mais ampla do espaço universitário. Com a aprovação desta lei, a gente completa um ciclo de políticas afirmativas de ingresso no ensino superior". Erastro Fortes
  
A crítica feita pela sociedade como um todo consiste no fato de que o sistema educacional deveria ser consertado no início, nos colégios e não nas universidades, para que desta maneira, todos pudessem ser de fato iguais, não apena na lei, mas também na prática. Desta forma, os melhores seriam qualificados e não apenas os que tiveram oportunidades na infância e adolescência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário