[Condoreirismo explicação]

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O calar


O eco da senzala
Chega até à casa-grande 
Olhando-se na escuridão 
Vê-se uma luz bruxuleante 
Se de dia, obrigados, 
Adoravam a Maria 
De noite, ó liberdade  
Era hora de Iemanjá 
 
Saudades da casa abandonada 
Depois do mar infinito 
A alma se inunda das lembranças 
Da travessia e seus perigos 
 
Porém, a discrição era vital 
O capataz estava sempre a espreita 
Qualquer suspeita de burburinho  
Dizimaria a senzala inteira 
 
Os boatos de Zumbi 
Chegavam-lhes aos ouvidos 
A esperança de liberdade 
Foi interrompida por gritos 
 Acabara-se a festa 
Só lhes restava rezar. 
Mas a quem o fariam?  
A Maria ou Iemanjá?
(Lucas Amaral)

A poesia acima critica dois pontos que estão entrelaçados: o primeiro, a repressão aos escravos quando tentavam manifestar sua própria cultura. Tinham que fazê-lo às escondidas senão sofreriam duras punições, como chibatadas ou até pior. O segundo ponto é que, em decorrência desta proibição que engloba suas religiões e da obrigação dos patrões a que seguissem o catolicismo, criou-se um sincretismo religioso que perdura até os dias de hoje.

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