O eco da senzala
Chega até à casa-grande
Olhando-se na escuridão
Vê-se uma luz bruxuleante
Se de dia, obrigados,
Adoravam a Maria
De noite, ó liberdade
Era hora de Iemanjá
Saudades da casa abandonada
Depois do mar infinito
A alma se inunda das lembranças
Da travessia e seus perigos
Porém, a discrição era vital
O capataz estava sempre a espreita
Qualquer suspeita de burburinho
Dizimaria a senzala inteira
Os boatos de Zumbi
Chegavam-lhes aos ouvidos
A esperança de liberdade
Foi interrompida por gritos
Acabara-se a festa
Só lhes restava rezar.
Mas a quem o fariam?
A Maria ou Iemanjá?
(Lucas Amaral)
A poesia acima critica dois pontos que estão entrelaçados: o primeiro, a repressão aos escravos quando tentavam manifestar sua própria cultura. Tinham que fazê-lo às escondidas senão sofreriam duras punições, como chibatadas ou até pior. O segundo ponto é que, em decorrência desta proibição que engloba suas religiões e da obrigação dos patrões a que seguissem o catolicismo, criou-se um sincretismo religioso que perdura até os dias de hoje.
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